terça-feira, 21 de julho de 2009

Carta a Maria do Carvalhal Alvito

Querida Maria - subitamente o fino
Deste primeiro frio misturado
Com um sabor de lenha e de maçã
Algo recorda: tacteio na memória
Procurando o onde o quando o quem
E a tua casa reabre de repente as suas portas
E caminho nos quartos entre
Os raios da luz e o cismar das penumbras
E vens ao meu encontro e és meu abrigo
Pranto e saudade em cada gesto irrompem
Mas a irreversível alegria do ter sido
Não deixará jamais de estar comigo
E há um sabor de lenha e de maçã
E o tempo é jovem próximo e amigo
E rimos juntas nesse dia antigo
E entro na tua casa e és meu abrigo


Lisboa, Novembro de 1986
Sophia de Mello Breyner Andresen
Ilhas

3 comentários:

pamita star disse...

Gisinha, sempre a salvar-me da ignorância :D
Beijinhos

impulsos disse...

Uma carta bastante poética e muito bela também.

Beijo

PS. Venho agradecer à Susn F. o seu comentário no meu post a propósito da Dreams e já agora quero partilhar o que me foram lá dizer e que muito me encheu o coração de alegria, é que ao que parece tudo aquilo foi um boato e a Dreams afinal não morreu!

Miss* Duvalle disse...

:)

Ai esta Sophia com tanto pa dar... :))